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28.7.02


Eu ía escrever aqui algumas passagens do livro "Três Vezes Deus", poesia de Ana Marques Gastão, António Rego Chaves e Armando Silva Carvalho. Ficaria bonito, especialmente partes de António Rego Chaves que gostaria de não esquecer, mas não tenho tempo e não tenho vontade. Vemo-nos em Setembro.


vi radiohead ao vivo.

22.7.02


One Hundred Albums You Should Remove from Your Collection Immediately


estou a ouvir radiohead.

20.7.02


The Flaming Lips


Yoshimi Battles the Pink Robots


(Warner Music)





Escutar a música de Bach, John Coltrane, Beach Boys ou Jimi Hendrix, agora ou em qualquer época, é apenas gostar de música. Compor ou tocar, nos dias de hoje, à maneira de Bach, John Coltrane, Beach Boys ou Jimi Hendrix só pode ser um divertimento inconsequente, um exercício de estilo ou, na pior das hipóteses, um ensaio patético. E já nem vale a pena sequer falar de «revivalismo» ou de «revisitação» quando — como é o caso dos Flaming Lips — a coisa chega ao estado literal do puríssimo plágio (quero dizer, matéria potencial para um arrastado litígio na barra dos tribunais) numa canção como «Fight Test», desavergonhadíssimo decalque de «Father and Son», de Cat Stevens, que, na origem, aliás, já não era grande coisa. Depois, «In the Morning of the Magicians» (título, também ele, surripiado ao «Le Matin des Magiciens», de Louis Pauwels e Jacques Bergier) é Neil Young «by numbers», «Yoshimi Battles the Pink Robots Pt. 1» inventa o conceito Kelly Family para intelectuais e, lá pelo meio, dissimulados entre glu-glus electrónicos para fazer moderno, há Brian Wilson camuflado, Pink Floyd em quinta mão e, de um modo geral, um «concept» de ficção científica de aspirante pouco dotado a praticante do género. Tenho debaixo da língua o original da xerocópia de «Do You Realize?» (quando me lembrar, eu digo) e, fora isso, há muito mais para esgravatar. Aliás, nesta categoria «música nova que já nasceu velha» pode encontrar-se um dos melhores pretextos para jogos de sociedade do tipo «bute lá descobrir de onde é que eles sacaram esta».


João Lisboa



girls follow you around, don't they?

12.7.02


(muito incompleto, por rever, enfim.)

Kate St John – Don’t They Know You’ve Gone (in Second Sight)

A ideia de Kate St. John é aproveitar o seu passado (formação e interpretação) de música clássica, criando dentro dos paradigmas pop canções híbridas. Quem díria também que esta violinista (??? Ou violoncelista, confirmar!) tinha também tão bela voz. O resultado acaba por ser bastante parecido aos trabalhos das divas pop quando acompanhadas por ensemble, como as experiências de Ute Lemper ou de Von Otter. A grande diferença será claro, o facto de além dos arranjos (trabalhados e líndissmos), também as composições são da autoria da artista. Poderá não agradar a toda a gente, a voz é pouco expressiva e bastante figurativa, os arranjos dóceis e o disco conformado no leque de influências e formatos utilizados. Canções bonitas, só. Esta uma das mais bonitas, só.

Eels – PS: You Rock My World

Eu não gostava, mas fui injusto. E agora já gosto, não muito, mas o suficiente. Seria preciso recuar (pelo menos na minha cabeça) ao Stabat Mater de Dvórak, para encontrar um contexto tão fatalista, antes da execução de uma obra. A mãe e a irmã. A morte deve custar menos que viver miseravelmente. Tem alguns momentos líndissimos, e ainda que pense que há outras coisas demasiado parecidas, mas melhores: nomeadamenta ao nível da voz, continua um feito extraordinário e merecedor de realce (neste caso meu, porque o que não faltou ao disco na altura foi realce). Já na altura, esta era a minha canção preferida, talvez pela forma simples como os versos são debitados, entre cordas maravilhosas e com voz esperançosa, como deveriam ser: “...how careful a man drives, to dodge the bullets, while a happy man, takes a walk...”. Que tem de magnifíco um passeio sossegado? Por vezes mais que tudo o resto, pelo menos é o que tenta lembrar este disco (já agora, bem diferente do dramatismo quase irrespirável do Stabat Mater do Dvórak, ufa!)

Elliott Smith – Pitseleh (in Xo)

Xo, o disco maldito da comunidade indie de Olympia. O dia em que (também) Elliott Smith se vendeu. Vinha a pensar nas consequências de Elliott Smith ter assinado e gravado para uma major. Mais recursos.

Weezer – My Name Is Jonas (in Weezer [Blue album])

A primeira canção do primeiro disco dos Weezer. Ah, doce ingenuidade da garagem.

The workers are going home
The workers are going home
The workers are going home
The workers are going home
YEEEEAAAH

Eram estúpidos, como eu.

Salaryman – Rather (in Salaryman)

Há uma banda na minha cabeça que toca os meus sonhos em forma de noise-pop. Sinto que há um deficit de uso desta forma, desta estrutura, daquele tipo de características. Por vezes penso que tudo isto se resume a fantasiar acerca do que teria sido a carreira pós-Loveless dos My Bloody Valentine (que nunca acabaram, pelos vistos...), mas sinceramente não sei. Um facto é que é do “pós-rock” que se tem tentado colmatar este deficit estílistico, mas raramente bem sucedido. Não sei o que fazem estes Salaryman, um art-rock electrónico qualquer, um disco mau. Mas nesta faixa tocaram uma das canções com que eu sonhava, por que pousadamente esperava, e tornaram a espera mais suportável.


11.7.02


(...) - Não me falem da vossa hedionda realidade! O que quer dizer isso, a realidade? Uns vêem preto, outros azul, a multidão vê parvoíce. Nada de menos natural do que Miguel Ángelo, nada de mais forte! A preocupação da verdade exterior denota a baixeza contemporãnea; e a arte tornar-se-á, se assim se continua, não sei que palhaçada abaixo da religião como poesia, e da política como interesse. Não alcançareis o seu fim - sim, o seu fim! - que é o de nos causar uma exaltação impessoal, com pequenas obras, apesar de todas as vossas trapaças de execução.(...)

Não é bom romances históricos em que os personagens desatam a falar assim? naqueles festas fabulosas...

10.7.02


nobody, not even the rain,
has such small hands.



(mais testes...)

Nova semana:

(ficou por completar, por razões várias...)

10. Sparklehorse – Little Fat Baby (in It’s a Wonderful Life)

09. Sleater-Kinney – Call me a Doctor (in Call me a Doctor)

08. Chopin – Ballade No. 4 Op. 52

07. Thinking Fellers Union Local 282 – The Operation (in Strangers From The Universe)

Rock’n’roll. Estranho. Trabalhado. Com vozes absurdas e ritmos improváveis. Algum humor suponho, ou então simplismente dislexia. Um refrão memorável e extremamente feliz. É isto que podem esperar, quanto ao que falta do disco, podem esperar de tudo o resto. A faixa que segue esta, por exemplo, é melhor que a carreira dos Primal Scream. Que foi? Também foi inesperado para mim!

06. Schumann – Allegro affectuoso, 1º andamento (in Concerto for Piano and Orchestra in A minor, op. 54 Maria João Pires e Claudio Abbado)

Eu gosto do concerto todo, é ingrato estar a selecionar um dos andamentos (e na música clássica ainda mais), mas como este se ouve antes dos outros, ou seja, como este me espantou antes dos outros fica merecedor da referência. Já tinha ouvido o concerto antes, mas numa edição mais fraca talvez, ou então o problema era ter também o concerto homónimo de Grieg a que eu prestava mais atenção e interesse. Afinal este é tão bom, ainda que menos sentimental, muito romântico e prodigioso, e depois outro importante aspecto: não raras vezes, nos concertos para piano agradam-me mais as partes orquestrais que se seguem à longa solidão do concertista, defraudando assim um pouco a ideia “concerto para piano”. Aqui, não. E as partes orquestrais são bastantes boas.

05. Bright Eyes – From a Balance Beam (in There Is No Beggining To The Story)

Foi a primeira canção após ter entrado as férias. O último exame é terrível, nunca me esforço o que quereria, mas tudo perde interesse depois de o acabar. Voltei para casa sozinho, no autocarro escolhi calmamente o que queria ouvir. Não é que estivesse triste, mas, e é costume, estava bastante apático e então pensei em pôr algo que me animasse ou distraísse. Foi esta. Indie rock animado acerca de algo que não percebi muito bem.

O my patient prisioner you waited for this day, and finnaly:
you are free you are free you are free


É claro que não há nenhuma relação verdadeira com a canção.

04. Lali Puna – Contratempo (in Scary World Theory)

Indie pop bom, porque tem algumas faixas boas. Aqui até deve ser um dos momentos menos inspirados do disco, isto musicalmente falando. Não é nada que não tenha já sido feito e até melhor (the notwist, spacemen3, broadcast)... mas como resistir à forma como ela diz “...no contratempo”?

03. Spiritualized – The Straight and The Narrow (in Let It Come Down)

Glorioso. Que canção, que bestialidade. Uma canção simples, sim, mas tocada pela minha ideia de Banda Completa. Um som imenso e enorme, para ser tocado alto alto alto e mexer muito os braços enquanto se ouve. Neste aspecto, penso que foi neste disco que Jason Pierce melhor atingiu o equilíbrio para um som tão completo, e este é um dos exemplos perfeitos (e graças a ele há muitos mais) disso.

02. Nick Cave and The Bad Seeds – Fifteen Feet Of Pure White Snow (in No More Shall We Part)

Nick Cave a não esconder o que eu penso foi uma das suas maiores influências, Jim Morrison. Lamento ter que falar disto quando devia falar da música de Nick Cave e dos seus Bad Seeds, mas foi o que senti, uma saudade imensa. A forma como a música cresce, a forma de cantar (“is that anybody outhere please? It’s too quiet in here and i’m beggining to freeze” – foi aqui que me arrepiei todo e percebi, mas está bem espalhado pela canção toda), aquele baixo e bateria tão característicos dos finais dos anos 60. Esperava muito do disco e tem correspondido, já conhecia este single (se ver um video uma vez é conhecer) mas a evidência só há uns dias, no carro, logo após ter ido buscar este disco à biblioteca.

Save yourself!

01. Lali Puna – Nim-Com-Poop (in Scary World Theory)

Sabem aquelas canções no momento certo? Ficam para sempre, independentemente da nossa vontade. Esta ficará também, ouvida num autocarro escuro à saída de Coimbra, encolhido e triste. O problema é a voz doce e beleza simples da canção:
There’s no reason to complaint.
It’s all been candy green,
neatly smooth and clean, forever.
Battle seems to fall away. (??)
She never felt the pain,
then one day it came, a little...


1.7.02


Foi bonita a cara de felicidade do Cafú. Horrível a música dos vencedores, pior que isso só o "Korea Korea" irritante da Coreia do Sul.
Pior que o último, pior que o antepenúltimo, este mundial acabou.

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